Águas que curam, águas que envenenam

ÁGUAS QUE CURAM, ÁGUAS QUE ENVENENAM
A água é um elemento químico, formado por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio. É uma molécula extremamente simples, funciona como um “coringa” em todos os sistemas biológicos da Terra, sejam eles orgânicos ou inorgânicos. Reage com praticamente tudo, sendo considerado o “solvente universal”. É uma molécula mágica, capaz de trazer a vida e o verde a uma paisagem inóspita e desértica. Mas este mesmo elemento, em excesso ou abundância, pode arrastar casas, carros, trazendo destruição e morte.
Na água diluem-se nutrientes, enzimas e antioxidantes, capazes de atuar no íntimo de nossas células. A água participa de simplesmente todas as reações químicas que ocorrem em nosso corpo. Aliás a maior parte de nosso corpo é água.
Mas devemos lembrar que as águas também diluem e destilam venenos. E o que parece mais trágico neste fato é que a maior parte destes agentes ou mesmo os mais mortais venenos diluídos na água são invisíveis, inodoros e insípidos. Considero muito importante assistir ao filme “Erin Brockovitch, uma Mulher de Talento” com a atriz Julia Roberts. Esta obra mostra a ingenuidade da maioria das pessoas quanto ao poder mortal da água poluída por metais pesados e a sordidez dos conhecedores do assunto, em ocultá-lo para manter seus lucros.
É na água que o agricultor dilui os agrotóxicos, e através da água, estes venenos alcançam os frutos e folhas que chegam às nossas mesas, sem cheiro, invisíveis, sem gosto. Esta água com agrotóxicos pode ir fundo, até a rede formadora de sangue do nosso corpo. Os casos de leucemia em crianças e adolescentes, linfomas e câncer em jovens e adultos estão diretamente relacionados a substancias quimicas que recebemos pelos alimentos, pela água de lençóis contaminados e por produtos adicionados inadequadamente na lavoura.
Se quisermos prevenir estas doenças, cuja incidência aumenta a cada dia, devemos usar filtros de carvão ativado, filtros especiais como os de osmose reversa e mesmo outros sistemas de purificação, como a destilação. Isto, mesmo usando a água tratada.
Devemos indagar aos que nos fornecem a água mineral, normalmente cara e engarrafada. De onde vem? Como é engarrafada? Esta água recebe algum tratamento químico? Nossa ingenuidade permite, que ao ler o rótulo “água mineral”, simplesmente acreditemos cegamente no que estamos bebendo e pagando.
Paranóia? Ao ler os arquivos e relatórios da Organização Mundial de Saúde e da revista internacional de Saúde Ambiental (Environmental Health Perspectives) podemos até sentir um frio na espinha. Muitas práticas e grupos inescrupulosos não hesitam em contaminar tudo o que estiver ao seu redor, conquanto possam manter seus lucros. Na agricultura o maior risco vem, por incrível que pareça, dos pequenos produtores rurais. Devemos lembrar que as frutas e hortaliças produzidas pela agricultura familiar compõe 70% da nossa dieta.
Não estou defendendo os grandes produtores do agronegócio. O que ocorre é que a fiscalização e o uso adequado de agrotóxicos é mais comum entre os grandes. Todas as práticas do agronegócio seguem protocolos, químicos e tecnológicos, controlados por agrônomos e pela própria ANVISA. Mas o que ocorre quando os agrotóxicos estão na mão dos pequenos produtores? A resposta é: NINGUÉM SABE!
Existem relatos assustadores, desde a contaminação aguda e fatal de agricultores familiares, doenças neurológicas e câncer entre crianças e jovens. Por outro lado assustadoras práticas, com aplicações em doses elevadas e sem controle, uso de agrotóxicos venenosos, condenados e banidos. Existe mesmo o tráfico de agrotóxicos proibidos. Chega-se ao ponto de aspergir fungicidas (agrotóxicos que eliminam fungos) na hora do embarque dos produtos agrícolas! Ou seja, quando compramos hortaliças, podemos receber agrotóxicos recém aplicados, no auge de seu potencial tóxico!
Eu mesmo fui envenenado em Campos do Jordão, pelo administrador inescrupuloso de um hospital. Durante um ano, recebi de sua horta – supostamente orgânica – mandioquinha, cenoura, abobrinhas, verduras e até alho e cebola, fazendo deles minhas refeições diárias – supostamente orgânicas. Ao final do ano, fiquei sabendo, através de terceiros, que ingeri grande quantidade de glifosato, o Round Up da Monsanto, ou “mata-mata”, herbicida utilizado para matar ervas daninhas e evitar a capina, trabalho braçal de grande intensidade. Eu não entendia mesmo como aquela horta, do tamanho de dois campos de futebol, estava sempre muito limpa de ervas. Era o veneno, usado de forma clandestina e indiscriminada pelo vigarista. E ele tinha consciência do que estava fazendo.
Agora este produto ainda está impregnado no meu corpo, e com fé em Deus vou eliminá-lo. Mas, deixo a pergunta para os leitores. Vamos dar início a uma nova forma de ver a terra e a Terra? Nossos recursos naturais são sagrados, assim como as coisas do alto. Enquanto não despertarmos para uma nova forma de consciência, que preserve as águas, o solo, nossa atmosfera e seus filtros naturais de raios nocivos e a vida como um todo, estaremos colhendo as consequências do mal praticado.
Nós podemos consumir alimentos limpos de elementos químicos e agrotóxicos. Nós, os consumidores, podemos escolher os produtos orgânicos e certificados. Nós e os agricultores familiares podemos formar um pacto – uma rede de consumo consciente. E é o que definitivamente vamos fazer em Capão Bonito, para que o exemplo de Álvaro Sasaki e alguns poucos produtores possa se estender a todos os agricultores da nossa região. Podemos usar o lema de Barack Obama: “Sim, nós podemos”.
As águas levam fertilidade e vida a uma paisagem desértica, ou levam devastação e morte por onde passam na forma de enchentes destruidoras ou gotas de veneno. A água é uma espada de dois gumes. Cabe a nós escolhermos o que faremos dela.
Alberto P. Gonzalez, médico
Consultório em Capão Bonito
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Alberto P. Gonzalez, médico
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2015 Doutor Alberto Peribanez Conzalez
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