Planos Futuros
Capão Bonito, pequena e aconchegante, localizada à beira do planalto de onde descem as suntuosas encostas que se dirigem ao mar, formando a maior aglomeração de mata atlântica do Brasil. Uma natureza exuberante, uma cidade tranquila do interior de São Paulo. Parece uma realidade pacata. Mas aqui estamos com nosso grupo de trabalho em plena ação, procurando realizar a dificil tarefa de transmitir conceitos alimentares diretamente para a população. Difícil sim. Como costumo dizer: “se fosse fácil já tinham feito”.
O que fazemos é calcado na mais sólida base de conhecimentos sobre alimentos funcionais. Faz sentido, é agradável aos olhos e ao paladar. Com estes atributos, parece uma tarefa fácil. Mas não é.
Lidamos com uma população que defende seu ponto de vista alimentar, mas não um ponto de vista de uma tradição antiga. O que a nossa população hoje defende é o padrão sintético-artificial-instantâneo, ao qual estão agarradas e acondicionadas. Uma pesquisa descreve que hoje em dia 90% das familias brasileiras não preparam mais seus próprios alimentos. Apenas os retiram de uma embalagem e os comem diretamente ou apos fervura ou mistura e fornagem. Ainda, podem descongelar e aquecer em forno de micro-ondas. Ou seja, a tradição cultural alimentar cedeu lugar ao alimento pasteurizado e processado.
Esperávamos mais pressão de uma tradição alimentar tropeira ou típica do interior do Brasil. Mas esta tradição já se foi há algum tempo. Sobram os heróicos arroz com feijão e as carnes, que tambem não mudaram.
A industria alimenticia comemora o fim do alimento tradicional brasileiro, pois seus domínios e seus lucros são colossais. Os produtos industrializados não são facilmente perecíveis, podem ficar meses nas prateleiras, podem ser transportados em massa, em embalagens estereis e levados a qualquer local. Isso cria uma logistica de enorme eficiência.
O que vi uma vez no bairro de São José Abaixo causou-me espanto: uma comunidade com uma linda natureza, e pequenas propriedades, mas nenhuma produção de alimentos. Aqui temos o cenário: uma população já acostumada ao padrão processado e sintético industrializado e a perda da tradição em cultivo. Nos dois pequenos comerciantes da localidade rural havia todo tipo de alimentos sintéticos e uma especie de mortadela, embalada hermeticamente, adicionada com muito nitrato e conservantes, por um baixo preço e provavelmente a “vedete” entre os alimentos oferecidos. Um sub-produto da industria da carne, feito com todas as sobras do frigorífico, pasteurizado e processado com altos niveis de conservantes. Foi quando me veio a pergunta:
– Se aqueles que vendem alimentos que fazem mal se organizam tão bem, porque nós que advogamos alimentos que fazem bem nos organizamos tão mal?
Algumas iniciativas, como a própria Rede SANS, são muito bem organizadas, mas como comparar ao poderio das indústrias de alimentos? Neste sentido posso dizer, do fundo do coração “esperançosamente”: LANÇAMOS UMA NOVA FRENTE. Alugamos um galpão, e pretendemos aí desenvolver alimentos saudáveis, que possam ser comprados e consumidos por diversos níveis de renda: pães, bolachas, leites vegetais, frutas desidratadas, suco verde e outros mais, pensando na população em geral e merenda escolar.
Queremos que nossos produtos sejam organicos e valorizem os pequenos produtores rurais, estimulando-os a produzir e garantindo o escoamento de sua produção.
Queremos receber e distribuir toda a possivel produção orgânica da região, atuando como atravessadores conscientes, que não visem o lucro abusivo, mas distribuam o alimento pagando o melhor preço ao produtor e o menor preço ao consumidor
Tambem queremos ai um centro de encontro entre a população jovem, que estuda em escolas como ETEC e FATEC, com produtores locais. Temos grande aliados, Mário Scalambrino, professor da ETEC e seu diretor Denis Maricato. Lá estão implantando uma horta-escola entre outras iniciativas. Queremos contar com mais setores de Capão Bonito, como você, leitor. Vamos chamar também gente muito especial, profissionais que atuam no interior, no Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Brasilia. Muitas palestras e agito cultural, com filmes clássicos e oficinas em sustentabilidade.
Nosso maior alvo são os jovens de todas as idades, os de todas as crenças e os que não acreditam em nada: aqui voces são bem vindos com sua jovialidade. Queremos oferecer a voces algo em que acreditar e onde depositar sua energia inovadora.
Uma novidade que tambem foi pensada e executada. Já que não dispomos de uma livraria na cidade, o livro LUGAR DE MÉDICO É NA COZINHA, de minha autoria e nossa principal “apostila”, estará disponível, dentro do preço nacional, na banca do Seu Hilário, na praça central.
Bem, na próxima edição já estaremos lançando nosso quadro e calendário de atividades, fiquem ligados!!
www.doutoralberto.com